Como fazer um makiwara

"AMOLAR A ESPADA"

Apesar de o uso de makiwara está em franca decadência em diversas partes do mundo, sobretudo no Brasil, o valor da boa pratica com essa ferramenta de treino é inestimável. Entretanto, tendo em vista o desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas e a apropriação pelas artes marciais de insumos diversos para o treino (sacos de pancada, luvas, pesos, elásticos, etc.), aos poucos foi-se deixando de lado instrumentos tradicionais de treino. 

Este texto trata-se de um tutorial simples de como construir uma Makiwara. 

Primeiro, você tem que entender que uma makiwara tem função de praticar a técnica e não de condicionar ou caliçar a mão. São coisas diferentes. Em outro tutorial explicarei melhor o uso, agora nos concentraremos na construção. 

Existem dois modelos de makiwara, um tradicional ou fixo e outro moderno ou móvel. Cada um deles possui vantagens e desvantagens que serão abordadas neste texto. 

Makiwara fixo 

O makiwara tradicional deve ser construído em lugares calmos e destinados à pratica de karate. Trata-se de uma madeira de lei resistente e flexível fincada ao solo, com o anteparo receptor do golpe ou técnica realizada. É importante que a Madeira possua essas características, de modo a possibilitar maior segurança e maleabilidade na aplicação das técnicas. Geralmente se emprega cedro ou ipê. 

A Madeira deve ser cortada em forma de taboa, de mais ou menos 2cm de espessura em sua parte superior, devendo ter espessura crescente até sua base (de espessura variável, podendo assumir como padrão 4cm ou 5cm). Modelos e formas diferentes de construir podem ser observados na figura seguinte. 

Não existe comprimento padrão. O ideal é que cada makiwara seja adaptado à pessoa que vai usá-lo. Como fazer isso? Simples. Você pode pegar uma taboa de sua altura e medir o comprimento dela em relação a você. Faça uma marca na taboa correspondente à boca do seu estômago, região onde será proferido o golpe. O resto da taboa será fincada ao chão. 

Uma das formas mais práticas de construir o makiwara é a partir de um bloco de madeira de 5cm de espessura em todas as suas dimensões (modelo 2). Esse bloco deve ser cortado na diagonal a partir de uma linha traçada à 2cm da margem até a margem oposta. Dessa forma, confecciona-se o modelo 1 de espessura progressiva. 

A fixação ao solo deve seguir as orientações apresentadas no modelo 3. As tres características fundamentais do makiwara são resistência (dada pela natureza da Madeira), flexibilidade (natureza da Madeira e tipo de corte e fixação) e fixação (base fixa). A fixação da base é muito importante, pois é comum que o makiwara comece a ficar mais solto no solo com o treino, pois a energia passada ao equipamento desloca a terra usada para sua fixação. Para minimizar esse efeito, na base do makiwara devem ser afixados blocos de madeira (ou pedras) em suas laterais dispostos como no modelo 3. Na fase anterior, coloca-se um bloco na parte mais profunda e na parte posterior coloca-se um bloco na parte mais superficial, quase rente ao solo. O conjunto dessas ações torna o makiwara ideal para a pratica do karate e exercita pontos que não podem ser praticado sem estruturas rígidas (paredes ou mondjong, por exemplo) ou móveis (como sacos de pancada). A importância do makiwara está justamente em sua flexibilidade, sua capacidade de absorver a anergia imposta pelo golpe e devolvê-la ao atacante, forçando ele a exercitar  base, postura, uso do solo e do quadril, distância, etc., fundamentos maiores asserem desenvolvidos pelos karatecas. 

Existe forma mais simples? Outra possibilidade (caso você não tenha uma serra à disposição de sua criatividade) é seguir o modelo 4. Pega-se uma taboa plana de madeira flexível e resistente. Falta agora ficar bem a Madeira ao solo, mantendo ou potencializando sua resistência e elasticidade. Para isso, fixe gradativamente com pregos taboas menores na parte posterior até sua base. Aos final, você terá construído seu makiwara. 

A Madeira deve ser cortada em forma de taboa, de mais ou menos 2cm de espessura em sua parte superior, devendo ter espessura crescente até sua base (de espessura variável, podendo assumir como padrão 4cm ou 5cm). Modelos e formas diferentes de construir podem ser observados na figura seguinte. 

Reigi - Etiqueta do dojo

Reigi é definido como o conjunto de normas e regras de conduta a ser seguido no dojo pelos praticantes de artes marciais de origem japonesa. Surgindo de um contexto sociocultural diverso, não pode ser entendido em separado a partir da ótica ocidental da pratica desportiva. Sua compreensão exige o entendimento da história, filosofia e moral orientais. Nesse contexto, sumariamente, a pratica do reigi pode ser entendida como a pratica do respeito e da disciplina de maneira formal. Apesar de haver parâmetros gerais, as regras de conduta variam muito entre os dojo, sendo definidas por cada sensei com base em sua experiência, linhagem, escola e da relação dialógico construída com seus alunos. 

Este artigo de destina a auxiliar os sensei e alunos que desejam se aprofundar nos estudos do karate, não objetivando, entretanto, a ser prescritivo. Apresentaremos aqui os conceitos gerais a serem praticados no exercício do Budo. 

1 - Reverencie ao entrar e ao sair do dojo. A referencia deve ser direcionada tanto ao dojo (espaço físico) quanto às pessoas nele presentes, nessa ordem: reverência o espaço (em silêncio e do lado de fora da área de treino), reverência o sensei (sensei  ni) e reverência os outros alunos (otogani). 

2 - Ao chegar ao dojo, vista imediatamente o dogi e comece a pratica do soji. O soji, grosso modo, pode ser entendido como a pratica da limpeza e organização do espaço. Antes de iniciada a aula, os alunos devem organizar o espaço de treino antes da chegada do sensei. Isso inclui: limpar o dojo, tirar objetos da área de treino (em caso de espaços improvisamos como salas de aula, por exemplo, onde os treinos não são exclusividade do espaço), organizar  Kamiza. Após o soji, iniciar aquecimento e treinamento livres até a chegada do dojo ou até o horário marcado para iniciar o treino. Sumariamente, quando você chegar ao dojo: vista seu dogi, organize e limpe o dojo, inicie seu treinamento. 

3 - Limpeza é algo imprescindível. Mantenha sempre seu dogi limpo e em bom estado de uso. Não
se alimente dentro do dojo. Deixe sempre seus calçados,mochilas e demais pertences nos locais designados pelo sensei. Se observar qualquer inconformidade, organize. Todos são responsáveis pela unidade funcional do dojo.

4 - Anéis, brincos, pulseiras, colares e qualquer tipo de adorno ou acessório deve ser retirado. Homens não devem usar camisetas por baixo do dogi. Quando necessário, homens e mulheres devem usar camiseta por baixo dogi apenas na cor branca e de gola baixa. O dogi também deve ser branco, sem desenhos ou gravuras. Já ocorreram diversos acidentes graves por uso de anéis, pulseiras, colares e brincos em dojo.

5 - Quando for se sentar por algum motivo, o faça apenas com as pernas cruzadas (anza) ou de joelhos (seiza). Nunca se sente no dojo com as pernas esticadas ou se deite. Além de demonstrar profundo desrespeito, pode causar graves acidentes. Lembre-se sempre de que o dojo é local de pratica de técnicas marciais e alguém pode se ferir gravemente se esbarrar em você durante a execussao de uma técnica ou durante o Kumite.

6 - Evite conversar no dojo assuntos desnecessários. Pergunte o mínimo possível. Se você tiver alguma dúvida na execussao da técnica, observe primeiramente o sensei e os alunos mais graduados. Eles geralmente estão executando o mesmo movimento que você. Caso você não consiga executar o movimento correto através da observação de seus companheiros de treino e seu esforço máximo, dirija sua pergunta aí sensei e não aos colegas. Escolha sempre o melhor momento para questionar, de modo a interromper o mínimo possível o treino. Geralmente existem diversos pequenos intervalos durante o treino ente uma série de exercícios e outra, são nesses momentos que você deve tirar suas dúvidas. Quando for perguntar alguma coisa a seu sensei ou senpai, vá até ele; evite falar alto ou gritar durante os treinos para se comunicar. Seu sensei e seus colegas de treino terão sempre toda a disponibilidade possível para vocêapós os treinos e em dias extras.

7 - O respeito e a cordialidade devem sempre ser venerados. Cada pessoa tem motivos diferentes e pessoais para treinar, além de limitações diversas (físicas, tempo escasso, problemas familiares, trabalho, saúde) e nem todo mundo anseia ser atleta. A maior parte, na verdade, nunca participará de muitas competições e isso é louvável. Buscar motivos pessoais para a pratica do karate é o que mantém karatecas na ativa por toda a vida. Por esse motivo, respeite as limitações de todos e suas dificuldades, mesmo as desconhecidas. Além disso, disponha-se sempre a ajudar seus companheiros na superação de seus limites. Quando alguém apresentar dificuldades, errar ou cair, lhe ajude. Outro ponto: é possível discordar com cordialidade, respeito e solicitude. O dojo é um lugar de harmonia, sempre. Aprenda com os mais antigos e se disponha a ensinar os mais novos.

8 - Evite desentendimentos, discussões e situações conflituosas no dojo. Isso é inadmissível.

9 -  Dedique-se sempre com o máximo de seu empenho. Quando o sensei explicar algo, observe-o atentamente e tente assimilar seus ensinamentos. Não se disperse. Quando ele concluir, cumprimente-o em sinal de respeito e agradecimento e dirija-se imediatamente para seu local na formação para iniciar a pratica.

10 - E se o sensei se atrasar ou faltar? O senpai deve iniciar o treinamento formal na hora EXATA em que o treino foi marcado. E se o senpai não estiver presente? O aluno mais graduado ou mais experiente deve respeitosamente iniciar os treinamentos (mesmo que seja faixa branca). Dessa forma, sempre haverá treino e esse é um conceito importante a todos os praticantes de karate. 

9 - É dever de todos cultuar a paz, o respeito e a cordialidade. É nossa obrigação moral dentro e fora do dojo utilizar os conhecimentos adquiridos para essa finalidade. O karate não deve ser usado para outra finalidade.

Espero que este resumo tenha sido útil. Você tem alguma sugestão ou crítica? Nos ajude a melhorar, deixe sua sugestão nos comentários!