Neste final de semana está sendo disputado, na cidade de Nara, Okinawa, Japão, o Premier League de Karate, evento apoiado pela WKF e de importância mundial para o karate competitivo. O local escolhido é, também, político. É a primeira vez que essa competição acontece no arquipélago e visa, também, ao fomento da companha pelo ingresso do karate nas olimpíadas de 2020.
Vários brasileiros estão nessa empreitada. Vamos torcer!
ASSISTA AO Premier league Okinawa AO VIVO (clicando no link).
Em nome do resgate do karate como arte! Este blog se destina a publicações sobre karate marcial e esportivo, relatos históricos, momentos marcantes, discussões técnicas e teóricas sobre o karate shotokan. Blog administrado pelo Dojo Nihon Towakai, localizado na Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI.
domingo, 31 de agosto de 2014
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Haito: forma, aplicação e efetividade. Uma descrição anátomo-fisiológica
Haito waza, é o conjunto de técnicas que utiliza a região da mão conhecida por haito. Apesar de ter sido proibida de grande parte das competições de karate atuais, tendo em vista sua potencial letalidade (quando não controlado), é um dos movimentos mais belos e agressivos do karate.
Primeiro, o que é haito?
Haito corresponde à parte lateral (radial) da mão, considerando a posição anatômica do corpo. A forma correta é fundamentalmente importante porque combina tensão e características anatômicas que estabilizam as articulações da mão e punho, reduz a chance de lesões no atacante e potencializam seu poder lesivo. O polegar deve estar flexionado e disposto sobre a palma da mão, expondo a porção lateral da articulação metacarpofalangiana (que tem forma levemente triangular na face lateral da mão espalmada). É importante que a mão esteja completamente plana, sem concavidade, de modo a alinhar todos os ossos que a compõe. Isso reduz a chance de lesões no atacante.
Figura 1 - demonstração do haito.
(obs.: atentar para a concavidade da mão, que deve ser evitada)
Segundo, onde atacar?
O haito é geralmente direcionado ao pescoço, havendo variações conforme o momento e a oportunidade oferecidos pelo adversário, tais como nuca, lateral do joelho, face anterior do pescoço, etc.
De toda forma, a lateral do pescoço, nuca e lateral do joelho são especialmente importante. E por quê? A angulação formada pela articulação metacarpofalangiana (como pode ser visto na figura 1) se encaixa perfeitamente na depressão existente logo abaixo da orelha externa (figura 2), e esse deve ser o lugar de sua aplicação.
Figura 2 - Localização anatômica da região atingida pelo haito no pescoço.
Atentar para o local logo abaixo da orelha, onde se localizam estruturas nobres.
Justamente por esse local cursam a artéria carótida interna logo antes de entrar na caixa craniana (ela é muitíssimo importante para a vascularização encefálica), veia jugular interna (drena o sangue que sai da cabeça) e nervo vago. O nervo vago tem função parassimpática, inerva o coração e emite um ramo para a laringe (se você apertar com seu dedo essa região, é comum sentir uma coceirinha na garganta e um impulso de tosse). Uma lesão traumática neste local pode levar à hipotensão, desmaio e até mesmo morte (a depender da energia do atacante).
Figura 3 - Trajeto e estruturas inervadas pelo nervo vago no pescoço.
O haito na nuca é raramente fatal, mas é desestabilizante. O golpe é geralmente proferido à nível do cerebelo, responsável por nossa coordenação e equilíbrio axial e apendicular. O adversário lesionado fica acordado, mas perde o controle voluntário sobre seu corpo, fica com incoordenação motora (como se estivesse bêbado) e com o corpo trêmulo.
Figura 4 - Localização anatômica do cerebelo e principal função.
Na lateral do joelho, o haito visa a lesão traumática do ligamento contralateral. Esse movimento é bem menos utilizado, tendo em vista sua complexidade e dificuldade de execução.
Figura 5 - Anatomia dos ligamentos do joelho.
Como pode ser observado na figura 5, um trauma direto sobre a lateral do joelho tende a deslocá-lo medialmente com o pé ainda fixo no chão. Essa dinâmica cria uma pressão sobre o ligamento colateral medial, que acaba sendo lesado a depender da intensidade do trauma e precisão do atacante em sua execução.
E como se aplica?
Essa é a parte mais bela! Primeiro, deve ser levada em consideração toda a dinâmica corporal de utilização do solo, rotação do quadril, impulsão do ombro, braço, antebraço e mão de forma sincrônica. Essa dinâmica será tema de outras postagens, é um tema à parte. Por hora, deixarei um vídeo de quem entende do assunto, sensei Kagawa, 8º dan JKS e um dos karatecas mais brilhantes ainda vivos.
Vídeo 1 - Sensei Masao Kagawa demonstrando haito waza.
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Osu!
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Sensei Manoel Guedes
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